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Agulha
cumpre com esta edição um ciclo de 10 anos.
Até aqui, foram 70 números. Significa dizer,
considerando que em momentos fomos uma
publicação mensal e em outros bimestral, uma
média de 7 edições por ano. Também
alternamos a quantidade de matérias
publicadas ao longo de toda uma década, ora
com 12, 15 ou mesmo 20 textos por edição –
como neste último número –, o que nos leva à
marca aproximada de 1.800 ensaios e
entrevistas em 70 edições. Algo em torno de
80% desse material foi dedicado a temas
latino-americanos, à criação artística e à
cultura na América Latina.
Não recuamos
diante da complexidade ou densidade;
preferimos o que está fora das pautas do
mundanismo cultural, incluindo temas
“malditos”, a começar pelo sistemático e
detalhado exame do surrealismo; |
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empreendemos o
diálogo com a produção cultural da América
Latina e do mundo hispânico e, ao mesmo
tempo, nos entendemos como expressão da lusofonia, da criação em língua portuguesa.
Por isso, Agulha
circulou em português e espanhol, sendo
talvez o único veículo assim constituído em
toda a mídia eletrônica.
.....Cada número foi aberto por um editorial,
acompanhando e comentado acontecimentos, da
esfera artística e literária, e também
política, além de contribuir para o debate
sobre o alcance e conseqüências da Internet,
acompanhando de perto a expansão do meio
digital e do mundo virtual. Relendo o que
foi escrito sobre o tema, percebe-se,
pensamos, o equilíbrio: nem catastrofismo,
nem messianismo salvacionista; quanto às
críticas mais recentes à difusão de
informações pela Internet, a própria
recepção de Agulha é uma
resposta aos profetas de mau agouro, aos que
vêem a diversidade de utilizações da rede
como acarretando a vulgarização e o
rebaixamento de nível cultural – cabe até
repetir a crítica, já feita aqui, a essa
transferência de responsabilidades, das
conseqüências de carências das políticas
públicas educacionais e culturais e das
mídias institucionalizadas para o mundo
virtual, aquele das páginas, sítios,
blogs e dispositivos de busca ou
relacionamento. |
Enfim, todos os números de Agulha,
desde os iniciais até os mais recentes,
continuam e continuarão atuais. Prova-o seu
crescimento como fonte de pesquisas e
consultas, a descoberta por leitores que,
estabelecendo contato, passaram a integrar a
lista dos seus destinatários. Com o
aprimoramento dos dispositivos de consulta
na Internet, quem pesquisar sobre uma série
de autores e temas, encontra matérias de
Agulha entre as primeiras
opções nas extensas séries de páginas
disponibilizadas por esses serviços. Assim,
restrita ao meio digital, ao mesmo tempo
ultrapassou esse meio. |
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Some-se a essas realizações o fato de que um
dos editores da
Agulha
criou e segue coordenando, para o
Jornal de Poesia
(www.jornaldepoesia.jor.br),
a
Banda
Hispânica
(www.revista.agulha.nom.br/bhportal.html),
banco de dados destinado à difusão de poesia
de língua espanhola, abrangendo um total de
20 países e 550 poetas, o que significa
cerca de 1.600 entrevistas e textos críticos
dedicados à obra desses autores.
Assim Agulha realizou, em seus
10 anos de aventura editorial, o projeto que
motivou sua existência: transformar-se em
uma mesa de debate dos principais temas que
envolvem a cultura e as artes em nosso
tempo. Quando surgimos, não havia esse
espaço na imprensa do Brasil. Virtual ou
impressa, esta permanece quase de todo
naufragada nas águas do entretenimento, sem
oferecer ao público um espaço de reflexão,
conhecimento, multiplicidade, e não apenas a
informação de caráter comercial. Em geral, a
imprensa trata seu público como mero
cliente: é uma lástima que a área do chamado
jornalismo cultural tenha adotado essa
fórmula. |
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Ao longo dessa década e destes 70 números
publicados, abordando os mais diversos
temas, Agulha foi uma
verdadeira prática de política cultural em
um país mais afeito ao fuxico cultural.
Ultrapassou a simples publicação de seus
números: seus editores foram convidados para
eventos literários em diversos países;
definiu contratos editoriais, seja na área
de poesia, ensaio ou tradução; formou
parcerias com grupos editoriais também em
âmbito internacional; ampliou o espaço de
difusão de inúmeras revistas, inclusive com
um intercâmbio de edições especiais
dedicadas a alguns países
A trajetória de vida de
Agulha
é marcada por esse sentido singular de
conquista e desbravamento. Não cortejamos o
túmulo da glória. Arriscamo-nos sempre a
difundir nomes de pouca circulação ou
esquecidos, desde que não faltasse
consistência a seu trabalho. Criamos uma
Galeria de Revistas, espaço único na
imprensa, tanto virtual quanto impressa,
para a difusão e apresentação crítica de
publicações similares. A cada edição
apresentamos uma média de 50 obras do que
chamamos de "artista convidado", buscando
nomes, entre consagrados e até mesmo
estreantes, em quase 20 países. Foram
aprazíveis, valiosas e efetivas as relações
alcançadas com colaboradores, leitores,
instituições em todo este período.
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Evidentemente, o Brasil também participou
dessa conjuntura, sobretudo no plano afetivo,
apesar de nossa imprensa, em geral, ter-lhe
dado mínima atenção, talvez apenas para
confirmar o velho e perverso adágio popular
de que santo de casa não obra milagre.
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Concluir este ciclo editorial nos parece
agora uma manifestação de compreensão do
papel até aqui representado, e da
consciência de que outros meios de
prossegui-lo se apresentam como urgências
que precisam ser atendidas.
Agulha
permanecerá, casa aberta aos visitantes do
ciberespaço. O
link
será mantido, com a totalidade do seu acervo
de matérias.
Seus editores agradecem
imensamente a contribuição de todos,
pelo carinho da leitura, sugestões,
envio de textos e consultas. Em
particular, nosso agradecimento
maior vai para Francisco Soares Feitosa, que fundou a dirige o
Jornal de Poesia, pioneiro em termos de
utilização da Internet como veículo de
circulação de poesia em todo o mundo,
Feitosa que sempre nos apoiou de forma
incondicional, ancorando a Agulha com
toda sua amizade.
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Esse capítulo foi
construído graças a um sentido inestimável
de fraternidade. O que nos enche de
felicidade o coração.
Abraxas
Os Editores
[Floriano Martins & Claudio Willer] |
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